O que é a depressão?
A depressão é um transtorno de humor, segundo o DSM (Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais). “Esse manual é usado por médicos e psicólogos para a classificação das doenças mentais. Ela pode ser definida como um transtorno crônico de humor, por meio do qual a pessoa altera seu comportamento e isso afeta seu convívio social, profissional e familiar”, destaca a psicóloga Beatriz Brandão.Classificações
A psiquiatra Georgiane cita abaixo os diferentes tipos de depressão e suas principais características:Depressão sazonal: é a ocorrência de quadros depressivos em determinadas estações do ano, geralmente no início de outono e do inverno, tendo sua remissão na primavera e verão. Há uma prevalência em mulheres e seus sintomas são atípicos (aumento do sono, do apetite, avidez por carboidratos e ganho de peso).
Depressão atípica: apresenta inversão dos sintomas vegetativos típicos, isto é, aumento do apetite, ganho de peso, aumento do sono, sentimento forte de rejeição e falta de energia acentuada.
Depressão puerperal: desenvolvida nas primeiras quatro semanas após o parto. Geralmente acomete as primíparas (primeiro parto), e um dos sintomas é a rejeição do bebê.
Depressão psicótica: o quadro depressivo é mais grave, tendo associado aos sintomas ideias delirantes e alucinações.
Distimia: é um transtorno do humor persistente, caracterizado por um quadro depressivo leve e crônico, com duração maior que dois anos, marcado por sentimentos de insatisfação e pessimismo.
Transtorno disfórico pré-menstrual: a característica essencial é a presença de labilidade do humor, irritabilidade, disforia e sintomas de ansiedade durante a fase pré-menstrual do ciclo. Tais sintomas se remitem no início da menstruação ou logo após.
A psicóloga Beatriz ressalta que somente uma avaliação apurada do médico vai poder diagnosticar certamente a depressão, diferenciando-a de outros quadros. Por isso, caso a pessoa em si ou a família note algum desses sinais, o melhor caminho é procurar o quanto antes a ajuda de um médico psiquiatra.
Sintomas
Os sintomas variam bastante de pessoa para pessoa e também de acordo com o tipo de depressão. Confira os principais destacados pela psiquiatra Georgiane:- Humor triste
- Prejuízo da capacidade de sentir alegria e prazer
- Falta de energia
- Alteração do sono e do apetite
- Dificuldade de concentração
- Sentimento de culpa ou inutilidade
- Pessimismo
- Desesperança
- Lentificação motora e do pensamento
- Pensamentos de morte ou suicídio
- Dores e sintomas somáticos (dor de cabeça, dores musculares, dores na barriga, etc.)
Causas
Há uma maior predisposição e vulnerabilidade de desenvolver depressão em indivíduos com histórico familiar. Neurotransmissores como a serotonina, noradrenalina, dopamina e GABA também são responsáveis pelo surgimento da depressão. Existem, ainda, outras causas que podem desencadear a depressão. Veja quais são elas:
- Disfunções hipotalâmicas/alterações hormonais
- Alterações da estrutura cerebral
- Uso abusivo de álcool e drogas
- Privação do sono
- Doenças crônicas
- Eventos adversos/estresses emocionais
- Traumas na infância
Fatores de risco
As diferentes causas da depressão podem ser “alimentadas” com fatores de risco, como, por exemplo, os citados pela psiquiatra Georgiane:- Isolamento social
- Abuso de substâncias (álcool, drogas, medicamentos)
- Abandono e/ou tratamento irregular
- Pensamentos negativos, de que nada adianta fazer, que não tem solução
- Traumas e abusos na infância
- Sedentarismo
- Má alimentação
- Sono de má qualidade
Diagnóstico
Como a depressão é uma doença mental, destaca Georgiane, todo médico pode dar o diagnóstico. “Porém, é recomendado procurar o psiquiatra para fazer o diagnóstico e indicar o melhor tratamento”, diz.“O diagnóstico é feito através da entrevista com o paciente e exame psíquico. Quando necessário, pode-se solicitar alguns exames para descartar patologias clínicas que possam parecer depressão”, explica a psiquiatra Georgiane.
Tratamento
Mas, a depressão tem cura? A psicóloga Beatriz destaca que a depressão é uma doença crônica, ou seja, ela tem remissão dos sintomas, mas precisa ser acompanhada por psicólogos e psiquiatras.Beatriz explica que o tratamento da depressão é feito de forma medicamentosa e através da psicoterapia (a fim de mudar o comportamento depressivo e dar novas ferramentas para o indivíduo).
Os medicamentos, bem como a duração do tratamento, são indicados pelo médico psiquiatra levando em conta as particularidades de cada caso. E todas as orientações passadas pelos profissionais envolvidos no tratamento devem ser levadas muito a sério pelo paciente e pelos seus familiares, a fim de que esta condição grave seja tratada da melhor maneira possível.
Convivendo com a depressão
Além do tratamento indicado pelo psiquiatra e da psicoterapia, conforme destaca Georgiane, existem outras medidas e atitudes que podem ajudar na depressão. São elas:Alimentação saudável: alguns alimentos contendo triptofano, ômega-3, vitamina D, vitamina C, vitamina do complexo B, acido fólico, selênio, zinco, cálcio e magnésio ajudam a aumentar o nível de serotonina e melhorar a depressão. Exemplos são frutos do mar, peixes, banana, leite, laranja, maçã, abacate, mel, ovo, alface, brócolis, espinafre, soja, aveia, nozes, amêndoas, castanha-do-pará. “Também deve-se evitar alguns alimentos que alteram o sistema nervoso e pioram a depressão, como, por exemplo, o álcool, cafeína, adoçante artificial, açúcar refinado, óleo hidrogenado, alimentos ricos em sódio”, acrescenta Georgiane.
Mindfulness: emprega técnicas de meditação, com o foco na autopercepção, tornando conscientes às sensações e emoções.
Atividades físicas: como exercícios aeróbicos, pois liberam endorfina, a qual está ligada ao bem-estar.
Acupuntura: terapia natural e alternativa que busca o equilíbrio do corpo e da mente e que pode ser muito útil também no caso da depressão.
Musicoterapia: técnica que, entre outros pontos, pode ajudar a pessoa a se reconectar com algumas sensações e sentimentos e, assim, tornar-se mais sensível ao tratamento.
Ter um animal: Georgiane destaca que os animais evitam a sensação de isolamento e produzem uma sensação de bem-estar para a pessoa.
A psicóloga Beatriz ressalta que é interessante que a pessoa pratique esportes para melhorar a sua dopamina e serotonina de forma natural; busque uma alimentação que promova o aumento de vitamina D e de serotonina; e que tenha uma rotina a ser seguida. “É válido que anote seus pensamentos negativos e acompanhe sua evolução com um diário”, diz.
“E, claro, é essencial o acompanhamento médico e psicológico. Nenhuma dessas atitudes complementares substituem o tratamento com estes profissionais, pois a depressão é uma doença grave e progressiva”, acrescenta a psicóloga.
Complicações
Mas, por que a depressão é tão grave? Quais são, afinal, as possíveis complicações?Beatriz responde que a evolução de outros transtornos (como ansiedade, síndrome do pânico) é uma das complicações, isso sem falar do suicídio, que naturalmente é a complicação mais grave associada à depressão.
Georgiane destaca como possíveis complicações e prejuízos associados à depressão:
- Cronicidade dos sintomas da depressão (tristeza, irritabilidade, angústia, desmotivação, perda de energia e prazer, ideias de suicídio, comprometimento cognitivos)
- Prejuízos no trabalho, na escola
- Dificuldade nos relacionamentos interpessoais
- Término de relacionamentos amorosos e conflitos familiares
- Dificuldade de superar doenças graves
- Uso de drogas e álcool
- Danos cardiovasculares e cerebrais
- Baixa do sistema imunológico, aumento dos processos inflamatórios
No que diz respeito aos familiares e amigos, é essencial que eles se informem sobre o quadro, apoiem o tratamento e nunca julguem inadequadamente o paciente.
Diferentemente do que muita gente acredita, depressão não é “simplesmente uma tristeza”, não “passa sozinha” e não é “frescura”. Exige tratamento médico, psicoterapia e até mesmo outras atitudes e/ou técnicas complementares.
Fonte: Dicas de Mulher
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